Piauí tem segundo melhor desempenho em leitura,ciências e matemática no Nordeste.
Foram divulgados nesta terça-feira os rankings de ciência, matemática e
leitura do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) 2012. O
desempenho do Piauí nas três avaliações ficou abaixo da média nacional,
mas é o segundo do Nordeste, perdendo apenas para a Paraíba.
Em matemática, o Piauí ficou em 11º lugar no Brasil, entre os Estados do Rio de Janeiro (389) e Sergipe (384).
A média do Estado do Piauí foi de 385, seis pontos atrás da média brasileira.
O Piauí ficou na mesma posição quanto ao desempenho em leitura (403),
mantendo-se atrás do Rio de Janeiro (408) e à frente de Rondônia (400).
Nesse quesito, a média do Brasil é de 410 pontos.
Já o desempenho em ciências, o Piauí pulou duas casa à frente do Rio de
Janeiro (403 e 401, respectivamente), ficando em 10º no ranking
nacional, com uma diferença de apenas dois pontos da média brasileira,
que foi de 405.
O estudante Weyson Lucas Vitório Sousa Prado, de 14 anos, aluno do 9º
ano do ensino fundamental da Escola Eurípedes Aguiar, no bairro
Aeroporto, em Teresina, recebeu na terça-feira a notícia que conquistou a
medalha de ouro na Olimpíada Brasileira das Escolas Públicas (Obmep)
2013, na qual os estudantes piauienses conquistaram sete.
Weyson Lucas vai colocar a medalha de ouro no peito, mas já colecionava
uma medalha de bronze e uma de prata, conquistadas nos dois anos
anteriores.
Weyson Lucas guarda vai guardar a medalha de ouro em uma pequena gaveta
de seu quarto feito em cima da pequena casa de sua família. O quarto
cabe mal a sua cama e uma pequena mesa que não tem espaço para caber com
conforto suas pernas. No quarto existe um pequeno varal onde suas
roupas são colocadas para secar. Ele sai de sua casa no bairro Memorare,
na periferia de Teresina para ir a escola no banco de passageiro da
bicicleta de seu pai, o pedreiro Cláudio Ruela Prado, que ganha uma
média de R$ 700 por mês, o que não é fixo porque alguns meses trabalha
outros não.
As precárias condições financeiras da família não perturbaram o
desempenho de Weyson Vitório, que só tira nota dez em matemática e 9,8 a
9 nas outras disciplinas.
Weyson Vitório diz que conseguiu a medalha de ouro na Olimpíada de
Matemática estudando, mas não muito, apenas duas horas a mais do que o
horário escolar, das 7h às 11h30.
“Não é preciso estudar todos os dias. O que é preciso é prestar atenção
às aulas nas escolas em vez de ficar conversando todo o tempo. Não é
preciso passar horas estudando em casa. A escola existe para isso. Se
você estudar mesmo na escola, sem pressão em casa, você consegue um bom
ritmo”, Weyson Vitório.
Ele acha que os alunos piauienses têm bom desempenho na Olimpíada de
Matemática porque não têm boa memória, mas são bons em raciocínio.
“Somos um povo que tem boa capacidade de entender e não de boa memória.
Por isso, nos destacamos em matemática que é uma matéria mais voltada ao
raciocínio e não à capacidade de memória”, lembrando que os pais não
têm o ensino médio completo.
Na Olimpíada de Matemática 2013, os alunos do Centro de Ensino Médio
Augustinho Brandão, de Cocal dos Alves (216 km de Teresina) conquistaram
na Olimpíada de Matemática 2013 três medalhas de ouro, duas de prata e
quatro de bronze. No mesmo município, os estudantes da Escola Municipal
Teotônio Ferreira Brandão, de ensino fundamental, obtiveram seis
medalhas, uma de prata e cinco de bronze.
O município de Cocal dos Alves é um fenômeno. Seus alunos da cidade, que
vive da agricultura familiar e possui 5.600 habitantes, já conquistaram
14 medalhas de ouro desde o início de participação nas disputadas em
2005, e mais 150 medalhas de prata e bronze.
“Não tem segredo. É só estudar. A gente teve acesso à internet na escola
há pouco anos. É seguir as orientações dos professores, que são
esforçados e se empenham. Todos estudam as questões de matemática em
todas as áreas, das questões mais fáceis às mais complexas. É só estudar
o que o professor passa, o que não é difícil, e pedir ajuda dele quando
se está em dúvida e precisando”, afirmou Antônio Wesley de Brito
Vieira, de 16 anos, que conquistou três medalhas de ouro e uma de prata.
O professor de matemática Antônio Cardoso do Amaral, do Centro de Ensino
Médio Augustinho Amaral, que começou a treinar os estudantes para as
Olimpíadas de Matemática, diz que o bom desempenho não depende de
equipamentos sofisticados nas salas de aula, mas de uma didática simples
que ensina os problemas matemáticos e como resolvê-los, além de
explicar aos alunos que tendo um bem desempenho em matemática é possível
ter uma carreira em cursos universitários concorridos.
“Precisamos de um quadro e de livros didáticos, além de outros livros da
disciplina. O que se faz é incentivar os alunos a estudarem para que
façam seus cursos superiores disputados mesmo estudando em escolas
públicas. Para isso, nós precisamos de professores qualificados”, falou
Antônio Cardoso do Amaral, que por conta do sucesso dos alunos de Cocal
dos Alves está concluindo o mestrado em Matemática e viajou para a
França onde respondeu sobre o seu método de ensino da matemática.
Após as primeiras medalhas de ouro, os estudantes das escolas públicas
passaram a ter a orientação de professores-doutores do Departamento de
Matemática da Universidade Federal, os ganhadores de medalhas de ouro
recebem uma bolsa de R$ 100 por mês durante um ano, o que reforça o
orçamento de suas famílias de agricultores que vivem do Bolsa Família.
“Os pais dos alunos, em sua maioria, são agricultores que vivem do Bolsa Família e analfabetos”, fala Antônio Amaral.
O resultado de todo esforço é que 70% dos 30 alunos do colégio
Augustinho Brandão que concluem o ensino médio são aprovados no Enem
(Exame Nacional de Ensino Médio) para cursos disputados como
medicina,direito, engenharias e matemática. Os que seguiram matemática
muitos estão fazendo mestrado e doutorado na disciplina.
Antônio Amaral foi contratado pelo Governo do Piauí para reproduzir o
método de ensino em todo o estado. O resultado foi que neste ano,
estudantes de Teresina e Parnaíba, a segunda maior cidade piauiense,
conseguiram medalha de ouro.
Fonte: Chamada Geral Parnaíba
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