Ele usava blusa com estampa de folhas de maconha e foi acusado de apologia ao uso de drogas.
O estudante universitário Josivan
Nascimento teve que trocar a camisa que estava vestindo para conseguir entrar
na Potycabana na noite de ontem (19). A blusa de cor rosa tinha estampa de folhas de
maconha e o jovem foi acusado por um policial de fazer apologia ao uso de
drogas.
Segundo o relato do estudante, a
abordagem aconteceu logo na entrada do parque. “Como faço quase que
diariamente, ao final do dia fui jogar uma pelada de vôlei no Parque Potycabana.
Só que dessa vez, assim que eu entrei, fui de imediato abordado por um grupo de
guardas, os quais disseram que eu não poderia adentrar no parque com a camisa.
O policial disse que eu estava ferindo o artigo 286 do Código Penal Brasileiro”,
contou Josivan. O referido artigo trata dos crimes contra a paz pública e especificamente
da incitação à prática do crime.
Após questionar o argumento do
policial, o estudante teria recebido a orientação para tirar a camisa ou sair
do local, sob a ameaça de ser conduzido à delegacia por desacato à autoridade. “Não
havia nenhuma necessidade disso, só porque eu questionei a conduta dele”,
disse o estudante, que conseguiu outra camisa e entrou para jogar vôlei.
Para Josivan, esse foi
um dos momentos mais embaraçosos que já viveu. “Foi um enorme constrangimento,
como se eu estivesse cometendo um crime! Fui cercado por cinco guardas, apenas
por estar com uma camisa”, lamenta o estudante.
Administração da Potycabana conta outra versão
O PortalODIA procurou a
administração da Potycabana, que contou outra versão para o caso. Segundo Pedro
Farias, coordenador de marketing, Josivan foi abordado pelos policiais porque
estava com um grupo de jovens fumando maconha. “O policial pediu que eles se
contivessem e que fossem para outro local. Nós não permitimos uso de maconha dentro
do parque porque tem muitas crianças”, argumentou o coordenador.
Ele disse ainda que a
orientação da administração do parque para os policiais é de chamar os jovens e
conversar. "Nunca houve confronto e somos muito pacíficos. Acredito que ele
esteja usando esse caso para se colocar como vítima”, acusa Pedro Farias.
Ao PortalODIA,
Josivan desmentiu essa versão e disse que não
é usuário de drogas, embora seja a favor da legalização da maconha. “Eu
questionei os policiais quanto ao meu direito de ir e vir,
assegurado pela constituição. E o meu direito constitucional de
manifestação do
pensamento?”, destacou o jovem.
Em 2011, uma decisão
do Supremo Tribunal Federal (STF) liberou a realização dos eventos chamados
“marcha da maconha”, que reúnem manifestantes favoráveis à descriminalização da
droga. Muitos ministros ressaltaram que a liberdade de expressão e de manifestação
somente pode ser proibida quando for dirigida a incitar ou provocar ações
ilegais e iminentes.
Fonte: Portal O Dia
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