Rapaz de 21 anos que recebeu o órgão já foi capaz de ter relações sexuais com a namorada com boa ereção
África do Sul - Nem mesmo os médicos responsáveis pelo primeiro
transplante de pênis bem-sucedido do mundo, realizado em dezembro na
África do Sul e divulgado sexta-feira, esperavam resultado tão bom.
Apenas cinco semanas após a operação, o jovem de 21 anos que recebeu o
órgão já foi capaz de ter relações sexuais com a namorada e de urinar
sem o auxílio de um catéter, contaram nesta segunda-feira os
especialistas que fizeram a cirurgia pioneira.
“O paciente tem ereções de boa
qualidade, ejacula e faz sexo frequentemente com sua parceira”, disse o
médico Frank Graewe. O saldo positivo do procedimento foi comemorado
pelo cirurgião plástico Ricardo Cavalcanti, da Casa de Portugal. “Já
existiam casos de reimplante do pênis, mas o transplante é algo inovador
que abre grandes perspectivas para pacientes com câncer que sofrem
amputação, problema mais comum do que parece”, diz Cavalcanti.
TOM DE PELE IGUAL
Frank Graewe afirmou que o doador e o jovem
transplantado tinham o mesmo tom de pele. Para o urologista Bernardo
Geoffroy, do Hospital Badim, essa questão é a mais importante do
processo.
“Todo órgão externo transplantado pode causar problemas
psicológicos graves se o paciente não se reconhecer ali”, afirma ele. A
cirurgia, que durou dez horas, conectou vasos, artérias e a uretra do
paciente com as do pênis doado para recuperação das funções do órgão
(veja passo a passo no box ao lado). “É uma operação delicada e que
demanda a ajuda de microscópio porque são estruturas muito pequenas.”
Otimista quanto às possibilidades da técnica,
Ricardo Cavalcanti vê dificuldades para a chegada do método ao Brasil.
“O órgão tem de ser retirado rápido após a morte do doador e a logística
é complicada, além da resistência das famílias em doar”, aponta. O
procedimento ainda não tem regulamentação no Brasil. Em busca de
financiamento e doadores, médicos sul-africanos pretendem fazer mais
nove cirurgias até o final do ano.
COMO É
O pênis todo é retirado do doador com morte cerebral. Veias, artérias, nervos e demais estruturas são mantidas intactas.
Os médicos conectam três artérias para garantir o fluxo de sangue e dois nervos para dar sensibilidade.
Uretra e corpos cavernosos também são reconstruídos para garantir urina e ereção, respectivamente.
Microscópio ajuda na cirurgia, que dura dez horas.
Paciente toma imunossupressores para evitar rejeição
Fonte: O Dia
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