Vizinhos agrediram vítima por causa de retrato falado de suposta sequestradora de crianças.
Fabiana Maria de Jesus,
33 anos, moradora do Guarujá, litoral paulista, morreu na manhã desta
segunda-feira (5) por causa de um boato, espalhado na internet, de que
havia uma sequestradora de crianças na região. A investigação policial
aponta para o rumor como motivo do crime e afirma que não havia nenhum
boletim de ocorrência sobre sequestro de menores no Guarujá.
Fabiana foi amarrada, espancada e arrastada, no último sábado (3), por um grupo de moradores do bairro Morrinhos, no Guarujá. A agressão foi registrada em vídeo e, segundo os vizinhos, ela estava apanhando por ser a mulher que estava sequestrando crianças na região.
Duas imagens circulavam
pelas redes sociais: um retrato falado, e uma foto de uma mulher. O
primeiro, na verdade, pertence a um caso de 2012, ocorrido no Rio de
Janeiro. Já a fotografia remete a uma página de humor no Facebook,
chamada “Jaciara Macumbeira”.
Boato chegou a ser alertado por página no Facebook - Reprodução/FacebookNo dia seguinte, a página mais uma vez publicou que o caso era um boato, e colocou os links que esclareciam o retrato falado e a imagem de uma mulher, que circulavam na internet. Essa publicação teve 175 compartilhamentos.
Procurada pelo R7, a
administração do Guarujá Alerta não se manifestou sobre o assunto. Na
manhã desta segunda-feira, a página publicou que não se manifestaria
sobre o assunto para não atrapalhar o trabalho da polícia.
Moradores chegaram a
afirmar para a reportagem da Rede Record que ela "estava pegando
crianças" e "tentou comprar uma criança com uma banana".
Outra moradora disse que os filhos não podiam mais ir ao colégio por causa dos sequestros.
Fabiana, que também foi
arrastada no meio da rua, teve ferimentos graves e chegou a ser
socorrida com vida. O Corpo de Bombeiros a encontrou com os pés
amarrados e o rosto desfigurado.
Ela foi internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital Santo Amaro, com traumatismo craniano.
Em declarações à
imprensa local, um homem que se dizia marido dela garantiu a inocência
de Fabiana, afirmando que ela era portadora de transtorno bipolar e
fazia acompanhamento médico. Ela também era mãe de dois filhos, um de 12
e outro de um ano.
A agressão agora é investigada pelo 1º Distrito Policial.
Justiceiros
A ação de grupos de
justiceiros tem ganhado cada vez mais repercussão no Brasil. Em
fevereiro, um adolescente de 15 anos foi preso a um poste, deixado nu e
agredido por um grupo de homens, no Flamengo, zona sul do Rio de
janeiro. Ele e outros dois colegas eram suspeitos de ter roubado
bicicletas na região. À polícia, o rapaz disse que foi atacado com
capacetes, rasteiras e joelhadas por cerca de 30 pessoas.
Revoltados, "justiceiros" lincham e matam nas ruas suspeitos de crimes. Relembre casos marcantes.
Uma artista plástica
postou fotos do adolescente no Facebook. A apresentadora do SBT Rachel
Sheherazade fez um comentário dizendo que a atitude dos agressores "é
compreensível" e, nas redes sociais, gerou polêmica sobre fazer justiça
com as próprias mãos.
Outro caso emblemático
aconteceu também no Rio de Janeiro, em Belford Roxo, na Baixada
Fluminense. Igor de Oliveira Falcão, de 20 anos, aparece em um vídeo
sendo executado no meio da rua. Ele seria um assaltante da região.
Do R7, com Rede Record
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