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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Tabloide divulga lista com 200 homossexuais mais influentes de Uganda


Um jornal da Uganda publicou nesta terça-feira uma lista com os 200 homossexuais "mais influentes" do país, um dia depois que o presidente Yoweri Museveni aprovou uma lei com punições mais severas aos homossexuais.

A Uganda já proibia o homossexualismo, mas, desde segunda, quando Museveni assinou a nova lei, "atos homossexuais agravantes" poderão levar à prisão perpétua. A lei define como agravante sexo gay consentido entre adultos ou que envolva menores de idade, deficientes ou pessoas com HIV.

Segundo as agências de notícias, a lista do tabloide "Red Pepper" incluiu ativistas LGBT já conhecidos no país e pessoas alegadamente homossexuais, mas também trouxe ugandenses que nunca se identificaram como gays.

Uma popular estrela do hip-hop de Uganda e um padre católico aparecem na reportagem, cujo título é "expostos".



Entre os nomes, também estão os ativistas Pepe Julian Onziema, que tem alertado sobre a violência que a nova lei pode provocar, e Kasha Jacqueline, que tuitou "a caça às bruxas na mídia está de volta" nesta terça.
 
Ela faz referência a reportagem de um outro jornal do país que, em novembro de 2010, também listou nomes de homossexuais com a manchete "enforquem-nos". Na época, um juiz concedeu uma liminar permanente contra o jornal "Rolling Stone", impedindo a revelação da identidade de gays em suas páginas.

Em janeiro de 2011, o ativista David Kato, dirigente da organização Sexual Minorities Uganda ("minorias sexuais de Uganda"), que havia sido citado na reportagem, foi morto a pauladas na capital, Campala.

Jacqueline, que é assumidamente lésbica, disse à Folha que não está preocupada consigo por causa da reportagem do "Red Pepper", mas sim com as pessoas que foram "falsamente acusadas de serem gays".
Ela mora em Campala e não pensa em deixar o país. "Ainda temos uma longa jornada e a luta está só começando", disse.

Onziema disse ao "Guardian" que mais de uma dezena de ugandenses gays deixaram o país desde dezembro, quando a lei foi aprovada no Parlamento.

Ele conta até seis prisões sob a nova legislação, enquanto a polícia fala em pelo menos duas pessoas detidas.

Jacqueline disse que está trabalhando em uma ação judicial contra a nova lei, que incluí pela primeira vez as lésbicas e pune também a promoção da homossexualidade.

A pena de morte e um artigo que tornava crime não denunciar atos de homossexualidade foram retirados após pressão internacional.

Museveni assinou a lei depois que um estudo científico pedido pelo governo provou que o homossexualismo não era genético e, portanto, se tratando de um "comportamento anormal", poderia ser "desaprendido", segundo ele.

O porta-voz do governo, Ofwono Opondo, disse à agência Reuters que o presidente queria "demonstrar a independência de Uganda frente à pressão e provocação do Ocidente".

A medida foi criticada pela comunidade internacional. Nesta terça, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu ao governo de Uganda para revisar ou abolir rapidamente a lei.

O presidente americano Barack Obama havia advertido que a aprovação da lei "complicaria" a relação com a Uganda. O secretário de Estado, John Kerry, disse que a relação entre os dois países, incluindo programas de assistência, estava sendo revisada internamente. Uganda recebe US$ 400 milhões dos EUA a cada ano.

A Suécia ameaçou retirar sua ajuda de US$ 10,8 milhões ao país e a Holanda suspendeu seu subsídio de US$ 9,6 milhões ao sistema judicial ugandense.

O tabloide "Red Pepper" é conhecido por sua oposição aos gays, opinião que tem o apoio da maioria da população. Segundo pesquisa do Instituto Pew de 2013, 96% dos ugandenses acreditam que a sociedade não deve aceitar a homossexualidade.


Segundo a Anistia Internacional, relacionamentos homossexuais são ilegais em 36 dos 55 países africanos. 

Presidente de Uganda, Yoweri Museveni
Fonte: Folha de S.Paulo


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