O mosteiro Venturini em Trento, que abriga também, alegadamente, padres
pedófilos, toxicodependentes e alcoólatras, trata aqueles “que mostram
tendências sexuais impróprias”, disse ao La Repubblica, Mario Bonfante,
um ex-padre católico que revelou ser gay em 2012.
“É um lugar onde eles o ajudam a redescobrir o ‘caminho certo’. Eles
queriam me curar. Eu me recusei a ir”, acrescentou Bonfante, que teria
sido demitido pela Igreja por se recusar. O Vaticano não quis comentar o
assunto.
O padre Gianluigi Pasto, de 72 anos, responsável pelo Venturini, negou
que o mosteiro seja usado para o tratamento de padres homossexuais,
embora em uma entrevista ao La Repubblica tenha feito alusão à
possibilidade de que, tanto os gays quanto os padres pedófilos tenham
sido levados para lá no passado.
“Neste momento não temos nenhum padre gay ou pedófilo”, disse o padre,
acrescentando que o Venturini era um lugar que ajuda “sacerdotes a se
tornarem santos”.
“Eu só posso dizer que aqui nós ajudamos os sacerdotes se tornarem
saudáveis”. Já ao The Independent foi dito que nem Pasto nem qualquer
outra equipe estavam disponíveis para entrevista. Um porta-voz do
Vaticano disse: “Não há nenhum comentário a ser feito sobre o caso.”
Gianluigi descreveu a suposição de que o mosteiro estava tratando os padres homossexuais e pedófilos como “absurda”.
“Os sacerdotes vêm para cá por um período de formação e reflexão pessoal
… claro, nós estamos aqui para ajudar a todos. Acima de tudo, os
sacerdotes que vêm aqui estão sofrendo de depressão “. Ele também disse
que os padres não são forçados a ir para o mosteiro, que foi criado em
1983. Entretanto, o padre se recusou a comentar sobre quais
procedimentos psicológicos ou psiquiátricos eram usados para tratar os
padres.
As alegações aconteceram logo após o sacerdote polonês, Krzystof Charamsa, acusar o Vaticano de “homofobia institucionalizada”.
Charamsa fez a acusação durante um discurso em Roma no sábado passado,
um dia antes de a Igreja Católica iniciar o Sínodo (reunião de bispos
destinada a reformular a doutrina da Igreja).
Após assumir sua homossexualidade e um relacionamento, Charamsa disse,
em uma coletiva de imprensa em Roma, que ele se sentiu compelido a
falar.
“Estou fora do armário e estou muito feliz com isso”, disse o padre de
43 anos. “Eu quero ser um advogado para todas as minorias sexuais e suas
famílias que sofrem em silêncio.”
De acordo com Charamsa, a maioria dos padres católicos são homossexuais,
mas são tão consumidos pelo auto-ódio, que apoiam a repressão de “seus
instintos básicos e desejos de amor”.
O Vaticano reagiu dizendo que “a decisão de fazer uma declaração tão
polêmica na véspera da abertura do Sínodo pareceu muito grave e
irresponsável, uma vez que visa sujeitar a Assembleia Sinodal à pressão
da mídia.”
Entretanto, mesmo antes da saída do armário do padre polonês, a conduta
católica diante da questão da sexualidade já dominava as manchetes.
O Vaticano confirmou na sexta-feira (02), que Francisco havia abraçado
um velho amigo gay e seu parceiro durante a recente visita aos Estados
Unidos.
O gesto altamente simbólico, indicativo de atitude “tolerante” de
Francisco em relação aos gays, veio um dia antes dele se encontrar
secretamente com a proeminente adversária do casamento gay, Kim Davis,
que, no início deste mês, chegou a ser presa por se recusar a conceder
licença de casamento a gays num cartório do estado do Kentucky.
Nesse encontro, segundo a própria Davis, Francisco a teria agradecido pela sua coragem.
“Eu estendi minha mão, ele agarrou-a, eu abracei ele e ele me disse: Obrigado por sua coragem”
O papa também teria, supostamente, dado a Davis um rosário, que ela
planejaria dar a seus pais católicos. Francisco ainda teria dito a Kim:
“Fique forte!”
A tabeliã acrescentou que o encontro valida suas ações nas últimas semanas.
Lembrando que, uma decisão da Suprema Corte dos EUA determinou, em junho
deste ano, que a união civil gay é um direito de todos os americanos.
Fonte: Nossos Tons
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