Um avião da companhia áerea russa KogalimAvia, mais conhecida como
Metrojet, caiu na madrugada deste sábado (31) na península do Sinai, no
Egito, e deixou 224 mortos, segundo o governo egípcio. O voo saiu de uma
cidade no litoral do Egito e seguia para São Petersburgo, na Rússia.
Cerca de 150 corpos foram encontrados em um raio de 5km.
O Airbus A-321 transportava 217 passageiros, entre eles 138 mulheres,
62 homens e 17 crianças, além de 7 tripulantes. Segundo a Reuters, 214
eram russos e três ucranianos. O ministério russo das Situações de
Emergência falou de passageiros de 10 meses a 77 anos de idade.
"Agora vejo uma cena trágica. Muitos mortos no chão e outros tantos
ainda presos em suas poltronas", relatou uma autoridade egípcia. Segundo
ele, o avião se dividiu em duas partes.

Paramédicos
egípcios transportam corpos das vítimas da queda do avião russo em
aeronave militar. (Foto: AFP PHOTO / KHALED DESOUKI )
O avião caiu em uma área montanhosa no centro de Sinai e más condições
atmosféricas dificultaram o acesso das equipes de resgate ao local, de
acordo com o que a autoridade da segurança egípcia que havia acabado de
chegar ao local contou à Reuters. Cerca de 50 ambulâncias foram enviadas
para o local. Os corpos dos passageiros estão sendo levados de avião
para o Cairo. Até agora foram recuperados 129 corpos, afirmou o premiê
egípcio.
Uma primeira análise do local do acidente indicou que a queda pode ter sido causada por um falha técnica. O Estado Islâmico afirmou no Twitter que foi responsável pela queda do avião, segundo a France Presse.
Além disso, o ministro russo de Transporte disse que as autoridades
egípcias não têm informações que confirmem a declaração do grupo
jihadista. "Com base em nosso contato com o lado egípcio, a informação
de que o avião foi abatido não deve ser considerada confiável", disse
Maxim Sokolov, segundo a agência russa Interfax.
O primeiro-ministro egípcio, Ismail Sharif, confirmou o acidente por
meio de comunicado. O avião perdeu contato com os radares 23 minutos
após a decolagem, quando sobrevoava a cidade de Larnaka, informou um
porta-voz de Rosaviatsia, a agência de aviação civil da Rússia. O
contato foi perdido quando a aeronave estava a 30.000 pés de altitude
(9.144 m).

Premiê egípcio vai a destroços do avião russo que caiu neste sábado (31) no Sinai (Foto: REUTERS/Stringer TPX IMAGES OF THE DAY)
Segundo uma autoridade do controle do espaço aéreo no Egito, o piloto
relatou um problema técnico nos equipamentos de comunicação. Adel
Mahgoub, chefe da empresa estatal que controla os aeroportos no Egito,
disse que a aeronave passou por um controle técnico antes de decolar do
aeroporto de Sharm el-Sheikh.
As duas caixas-pretas, que registram os dados do voo e os comandos de
voz da cabine do piloto, foram recuperadas. Anteriormente, escritório do
primeiro ministro egípcio Sharif Ismail comunicou sobre uma delas: "A
caixa preta foi recuperada da cauda do avião e foi enviada para a
análise de especialistas", disse. Será impossível determinar a causa do
acidente até a análise da caixa-preta, acrescentou.
Amostras de DNA serão coletadas dos parentes dos passageiros que
estavam a bordo do avião, conforme informou o comitê de políticas
sociais da Rússia.

Parentes dos passageiros estão se reunindo no balcão de informações da Kogalymavia
no aeroporto de Pulkovo, em São Petersburgo, com a esperança de obter
mais informações. O voo 9268 transportava muitos turistas do resort
egípcio de Sharm el-Sheikh.
Equipes de resgate russas no Egito
O presidente russo, Vladimir Putin, expressou suas "profundas
condolências" às famílias das vítimas e ordenou o envio de equipes de
emergência russas para o local da queda. Putin decretou luto nacional no
domingo (1º).
Putin falou ao telefone com Abdel Fatah al-Sisi, o presidente do Egito,
para discutir a queda do avião russo no país. Al-Sisi ofereceu
profundas condolências e prometeu criar condições para uma participação
mais ampla possível de especialistas russos na investigação do acidente,
segundo o Kremlin.
O premiê russo Dmitry Medvedev disse, em mensagem publicada no Twitter,
que está profundamente chocado pela queda do avião. "A tragédia será
exaustivamente investigada, e as famílias receberão apoio."
Segundo a agência de notícias russa, o ministro da Defesa da Rússia
convocou uma reunião de ermergência para discutir a queda do avião. No
total, cinco aviões com especialistas em várias áreas estão a caminho do
Egito.

Parentes
chegam ao aeroporto de São Petesburgo, na Rússia, em busca de
informações sobre a queda do avião (Foto: AP Photo/Dmitry Lovetsk)
O Comitê de Investigação da Rússia lançou um processo criminal contra a
companhia aérea Kogalymavia. A agência de notícias RIA informou que o
caso será investigado pelo artigo de "violação das regras de voos e
preparações".
A Airbus, fabricante do A-321, informou que dará mais informações assim
que tiver mais detalhes sobre o acidente. Veja a íntegra do comunicado
da empresa:
A aeronave envolvida no acidente, registado sob o número de série
EI-ETJ 663, foi produzido em 1997 e desde 2012 operado pela Metrojet. A
aeronave tinha acumuladas cerca de 56.000 horas de voo em cerca de
21.000 vôos. Ele foi equipado com motores IAE V2500.
Em conformidade a lei, um grupo de técnicos da Airbus foi destacada
para fornecer as informações às autoridades encarregadas da
investigação.
O A321-200 é o maior membro da família A320, com capacidade para
240 passageiros. O primeiro A321 entrou em serviço em janeiro de 1994.
Até o final de setembro de 2015, cerca de 6.500 aeronaves da família
A320 estavam em serviço com mais de 300 operadoras. Até à data, toda a
frota já acumulou cerca de 168 milhões de horas voadas em 92,5 milhões
de voos.
A Airbus dará mais informações disponíveis assim que os detalhes
forem confirmados e liberados pelas autoridades para a divulgação.
Espaço aéreo evitado
Duas das maiores empresas aéreas da Europa decidiram não voar sobre a
península do Sinai enquanto esperam esclarecimentos sobre o que provocou
a queda do avião. A alemã Lufthansa e a Air France-KLM preferiram
evitar a região por motivos de segurança, disseram as porta-vozes das
duas companhias.
“Tomamos a decisão de evitar a área porque a situação e as razões da
queda não estão claras”, afirmou a representante da Lufthansa.
"Continuaremos a evitar a área até ficar claro o que causou a queda."
A Lufthansa tem menos de 10 voos diários que cruzam a região, declarou.
“A Air France confirma que adotou, por precaução, medidas para evitar
voos sobre a zona do Sinai”, informou a porta-voz da empresa.
Último acidente aéreo no Egito
O último acidente aéreo no Egito foi em janeiro de 2004 e deixou 148
mortos, incluindo 134 turistas franceses. Um Boeing 737 da empresa
egípcia Flash Airlines caiu no Mar Vermelho, poucos minutos depois de
decolar do aeroporto de Sharm el-Sheikh.
Desde o início em 2011 da revolta que derrubou Hosni Mubarak do poder, o
turismo está fraco e as autoridades tentam relançar de todas as
maneiras esse setor vital da economia egípcia.
Apesar da instabilidade política do país e os atentados jihadistas
contra as forças de segurança no norte do Sinai, os resorts do Mar
Vermelho, no sul da península, continuam sendo um dos principais
destinos turísticos do país e muito frequentados por turistas russos e
do leste europeu, que chegam diariamente a bordo de vários voos
fretados.

O
premiê agípcio Sherif Ismail visita local da queda do avião russo neste
sábado (31) em Hassana (Foto: Suliman el-Oteify, Egypt Prime
Minister's Office via AP)

Parentes pedem informações sobre a queda do avião, no aeroporto de São Petersburgo (Foto: AP Photo/Dmitry Lovetsk)

Foto feita no dia 20 de outubro mostra um Airbus A321 da companhia Kogalymavia, no aeroporto de Moscou (Foto: AP)
Fonte: G1

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