Às vésperas da eleição para a presidência da Fifa, uma operação especial abalou a credibilidade de executivos da entidade. Na madrugada desta quarta-feira, o ex-presidente da CBF José Maria Marin e outros seis dirigentes da Fifa foram detidos em Zurique, na Suíça, acusados de corrupção. O grupo será extraditado para os Estados Unidos para que uma investigação mais aprofundada sobre o assunto seja feita.
Além dos dirigentes, outras sete pessoas foram acusadas de extorsão, fraude e conspiração para lavagem de dinheiro, entre outros delitos, em um "esquema de 24 anos para enriquecer através da corrupção no futebol". Entre os presos, além de Marin, estão Jeffrey Webb, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Eugenio Figueredo e Rafael Esquivel.
O diretor de comunicação da Fifa, Walter de Gregorio, disse que Joseph Blatter, atual presidente da entidade, não está entre os acusados. As polêmicas eleições para as sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022, respectivamente, Rússia e Qatar, são o centro das investigações. Os Estados Unidos disputavam com o país árabe o direito de sediar a competição daqui a sete anos.
- Ele não está envolvido de modo algum - disse.
Outro acusado no caso é o braisileiro J.Hawilla, dono da Traffic, conhecida empresa de marketing esportivo. Segundo informações do Departamento de Justiça dos EUA, em dezembro de 2014, o empresário aceitou devolver mais de US$ 151 milhões que recebeu, sendo que US$ 25 milhões foram pagos na ocasião (naquele mês).
Outros que também se declararam culpados foram o ex-secretário-geral da Concacaf e ex-representante dos EUA no Comitê Executivo da Fifa, Charles Blazer, e Daryan e Daryll Warner, filhos do ex-presidente da Fifa Jack Warner.
Em nota, a Fifa prometeu contribuir para "erradicar qualquer irregularidade no futebol". A entidade deixou claro que está cooperando plenamente com a investigação e apoia o recolhimento de provas a respeito do assunto.
"A Fifa congratula-se com as ações que podem ajudar a contribuir para erradicar qualquer irregularidade no futebol. Entendemos que as ações de hoje tomadas pelo Departamento Federal de Justiça, em nome das autoridades dos Estados Unidos e do Escritório Suíço do Procurador-Geral referem-se a diferentes assuntos. A Ffia está cooperando plenamente com a investigação e apoiando a coleta de provas a este respeito. Como observado pelas autoridades suíças, esta coleta de provas está sendo realizada numa base de cooperação. Estamos satisfeitos em ver que a investigação está sendo feita energicamente para o bem do futebol e acredito que ele vai ajudar a reforçar as medidas já tomadas pela Ffifa", diz o comunicado da entidade.
Vale lembrar que a eleição para o novo presidente da Fifa acontecerá na próxima sexta-feira. Além de Joseph Blatter, no comando da Fifa há 17 anos, o príncipe da Jordânia, Ali bin Al-Hussein, é um dos concorrentes. O ex-jogador português Luís Figo, também aparecia como candidato até a semana passada, mas desistiu do pleito e acusou a Fifa de ser gerida como uma 'ditadura'. Outro que retirou a candidatura foi o dirigente holandês Michael Van Praag.
Veja a lista com os 14 acusados na investigação:
ALEJANDRO BURZACO, 50, argentino
AARON DAVIDSON, 44, norte-americano
RAFAEL ESQUIVEL, 68, venezuelano
EUGENIO FIGUEREDO, 83, uruguaio
HUGO JINKIS, 70, argentino
MARIANO JINKIS, 40, argentino
NICOLÁS LEOZ, 86, paraguaio
EDUARDO LI, 56, costarriquenho
JOSÉ MARGULIES, conhecido como José Lazaro, 75, brasileiro
JOSÉ MARIA MARIN, 83, brasileiro
JULIO ROCHA, 64, nicaraguense
COSTAS TAKKAS, 58, britânico
JACK WARNER, 72, trinitino
JEFFREY WEBB, 50, caimanês
Postar um comentário