Os Lula da Silva têm mesmo um jeito heterodoxo de viver. Chega a ser
estranho que o chefão do PT tenha querido, algum dia, como é mesmo?,
mudar o mundo… Ora, mudar para quê? A partir de certo momento, vamos
admitir, esse mundo só sorriu para ele. E continua a sorrir para a sua
família. Reportagem de capa da VEJA desta semana expõe a proximidade
entre o agora ex-presidente da República e o empreiteiro baiano Léo
Pinheiro, ex-presidente da OAS, um dos presos da operação Lava Jato.
Proximidade que pode fazer com que o escândalo do petrolão ainda exploda
no colo do companheiro-chefe. É que Pinheiro começou a fazer algumas
anotações… Leiam a reportagem da revista desta semana. Quero aqui
abordar um aspecto em particular.
A VEJA informa que Fábio Luís da Silva — vulgo “Lulinha” — mora num
apartamento, numa área nobre em São Paulo, avaliado em R$ 6 milhões. É
isso mesmo que vocês leram. O apartamento do filho do Primeiro
Companheiro é coisa de ricaço. Mas parem de ficar imaginando maldades. O
dito-cujo não está em nome do rapaz! Não! Oficialmente, o dono do
imóvel é o empresário Jonas Suassuna, que é apenas… sócio de Lulinha.
Esse
rapaz, note-se, é, desde sempre, um portento. Lula já o chamou de o seu
“Ronaldinho”, louvando-lhe as habilidades para fazer negócios. Formado
em biologia, o rapaz era monitor de Jardim Zoológico até o pai chegar à
Presidência. Cansado de ficar informando ao visitante onde se escondiam
as antas, ele decidiu ser empresário quando o genitor se tornou o
primeiro mandatário. E o fez com uma desenvoltura assombrosa. Só a
Telemar (hoje Oi) injetou R$ 15 milhões na empresa do rapaz, a Gamecorp.
Nada além de uma aposta comercial?
Assim seria se assim
fosse. Empresas de telefonia são concessões públicas, que dependem de
decisões de governo. Aliás, é bom lembrar: Lula mudou a lei que proibia a
Oi (ex-Telemar) de comprar a Brasil Telecom (que era de Daniel Dantas).
A síntese: o pai de Lulinha tomou a iniciativa de alterar uma regra
legal e beneficiou a empresa que havia investido no negócio do filho.
Isso é apenas uma interpretação minha? Não! Isso é apenas um fato.
Adiante.
Os Lula da Silva formam uma dinastia. O filho repete,
em certa medida, o caminho do pai — e não é de hoje. Quando Lula era o
líder da oposição, também morava, a exemplo de Lulinha, numa casa que
estava muito acima de suas posses oficiais. O imóvel lhe era cedido por
um advogado milionário chamado Roberto Teixeira, seu compadre. Se vocês
entrarem no Google, ficarão espantados com a frequência com que Teixeira
aparece ligado a, digamos assim, negócios que passam pelo petismo.
Jonas
Suassuna, o sócio de Lulinha e dono oficial do apartamento milionário
em que mora o filho do Poderoso Chefão petista, é quem aparece como
proprietário de um sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, em
companhia de Fernando Bittar, que é, ora vejam, o outro sócio de
Lulinha. Até aí, bem…
Ocorre que, no PT, e fora dele,
incluindo toda a Atibaia, a propriedade é conhecida como o “sítio do…
Lula!”. É lá que ele passa os fins de semana desde que deixou a
Presidência. A propriedade foi inteiramente reformada, em tempo recorde,
pela empreiteira OAS, a pedido de… Lula! Os pagamentos aos operários
eram feitos em dinheiro vivo. O arquiteto que cuidou de tudo se chama
Igenes Irigaray Neto, indicado para o empreendimento pelo empresário
José Carlos Bumlai, amigão de… Lula! O tal aparece com frequência em
histórias mal contadas envolvendo o petismo — inclusive o petrolão.
A
OAS, que reformou o sítio que até petistas dizem ser do ex-presidente,
também foi chamada para concluir um dos edifícios da Bancoop, a
cooperativa ligada ao PT, que era presidida por João Vaccari e que
faliu, deixando três mil pessoas na mão. O único prédio concluído é
justamente um de alto padrão, onde Lula tem um tríplex, com elevador
interno. Quando explodiu o caso Rosemary Noronha, aquela amiga íntima do
ex-presidente, a OAS foi mais uma vez chamada para dar uma mãozinha
para João Batista, o marido oficial da tal senhora.
Assim se
construiu a república petista. Os companheiros têm explicações para
essas lambanças? É claro que não! Preferem ficar vomitando impropérios
nas redes sociais, acusando supostas conspirações. Definitivamente, o PT
superou a fase do Fiat Elba, que foi peça-chave na denúncia contra
Collor. Fiat Elba? Ora, Lula, o PT e a tropa toda são profissionais nas
artes em que Collor ainda é um amador.
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