As evidências de que o copiloto Andreas Lubitz, suspeito de ter
derrubado um avião da Germanwings na última terça-feira, sofria de
depressão e havia rompido um noivado de sete anos recentemente servem de
alerta para os riscos e as consequências que a doença pode implicar.
Problemas emocionais e quadros de doenças psíquicas — o alemão também
teria sido diagnosticado com síndrome de burnout, ou síndrome do
esgotamento profissional — podem prejudicar o desempenho profissional a
ponto de o trabalhador colocar em risco a si próprio e a outras pessoas,
dizem especialistas. Nesses casos, é preciso pedir licença médica e
buscar tratamento.
— Certas categorias estão mais sujeitas ao
estresse e, por consequência, à depressão, como empregados da aviação,
policiais, professores, jornalistas e profissionais de saúde. São
pessoas que ficam sujeitas a escalas muito pesadas e, com isso, acabam
negligenciando aspectos da vida pessoal — afirma o psiquiatra e
psicoterapeuta Rodrigo Leite, diretor dos ambulatórios do Instituto de
Psiquiatria da Universidade de São Paulo.
Segundo o psicólogo
Tiago Sant’Anna, do Hospital Daniel Lipp, os sintomas da depressão são
desinteresse, mau humor contínuo, ganho ou perda de peso não
intencional, problemas com o sono, autodepreciação e baixa autoestima.
Acupuntura contra o esgotamento
De
acordo com o acupunturista e fisioterapeuta Márcio Luna, a acupuntura
traz bons resultados no tratamento da síndrome de burnout quando aliada a
terapias psicológicas e psiquiátricas. No início, o problema se
caracteriza pela compulsão pelo trabalho. Depois, expectativas
frustradas levam a pessoa ao isolamento, à sensação de vazio interior e a
mudanças comportamentais que podem culminar em suicídio.
—
A síndrome de burnout é grave e exige tratamento imediato. Ela aparece
em um contexto desestimulador, quando o ambiente de trabalho é opressor,
quando não há mais perspectivas na profissão ou quando o empregado
sofre assédio moral — explica Luna.
A acupuntura é útil ao regularizar a produção do cortisol, o hormônio do estresse.
‘A pessoa não precisa estar com depressão para se suicidar’
De acordo com Rodrigo Leite, o trauma do fim de um noivado tem impacto no trabalho
—
Para algumas pessoas, o impacto da perda é terrível porque gera
ruptura. O mundo se acaba. Isso traz sentimentos de raiva, injustiça e
indignação muito associados a casos de suicídio e homicídio. Os
deprimidos, em geral, não têm essa hostilidade voltada para eles mesmos e
para os outros — pondera.
O médico ressalta que é importante saber que a pessoa não precisa estar com depressão para tentar suicídio:
—
É mais provável que o que aconteceu tenha sido uma coisa de momento do
que algo planejado. O fim do noivado pode ter gerado uma insatisfação
grande, que levou a um ato impulsivo.
Nesses casos, quando há
atitudes de risco, a pessoa deve ficar em casa se recuperando. Além do
tratamento, é bom buscar o apoio de pessoas próximas.
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