Exibida pelo canal HBO, a série ‘Girls’ causou furor nas redes sociais na estreia de sua quarta temporada. O motivo não foi nenhuma reviravolta na vida das quatro protagonistas, mas uma cena explícita de sexo oral anal, o chamado beijo-grego. Nela, a personagem Marnie, vivida por Allisson Williams, recebe essa carícia erótica não tão incomum, mas ainda cercada de tabus.
Parte dos telespectadores ficou chocada com a cena, considerada por eles como libertina e ousada em excesso. Principalmente porque Marnie estimula o parceiro a continuar, não se sentindo envergonhada ou pouco à vontade, muito pelo contrário. Mas o que para alguns é tido como prática proibida, para outros é uma alternativa interessante de obter prazer. Praticado numa região do corpo com muitas terminações nervosas, o beijo-grego é um estímulo poderoso ao orgasmo.
Mas mesmo com essa possibilidade de prazer, o beijo-grego ainda é um assunto delicado entre os casais. Primeiramente, afirmam os especialistas, por conta do local dos estímulos orais. Da mesma forma que o sexo anal enfrenta esse tipo de preconceito.
“É um tabu porque tudo o que é diferente gera uma ideia de proibição na sexualidade, um preconceito. Tudo o que está ligado ao ânus traz essa ideia do pervertido, que é ligado à prostituição, ao errado. O sexo vaginal, por exemplo, é tido como o sexo perfeito. Agora, o beijo e as demais brincadeiras ligadas ao ânus carregam uma conotação negativa”, explica Celso Marzano, urologista, sexólogo e terapeuta sexual, autor do livro “O Prazer Secreto” (Editora Éden).
Por outro lado, de acordo com o especialista, esse tipo de carícia estimula uma fantasia muito intensa entre os parceiros, justamente pela ideia da proibição. Em outras palavras: ninguém quer assumir que gosta de beijos e lambidas na região do ânus, mas na liberdade proporcionada por quatro paredes o que acontece é justamente isso.
O grande problema dessa abordagem hipócrita é que ela abre espaço para a desinformação sobre os cuidados necessários para um beijo-grego seguro para o casal. “O que a gente sempre indica é fazer a higienização cuidadosa do local, para ter o mínimo de resíduos, antes de começar qualquer carícia. Mas é importante lembrar que o ânus nunca vai ficar cem por cento limpo, já que é uma região com muitas bactérias”, pontua a sexóloga Elaine Pessini. “Alguns casais fazem lavagens com duchas higiênicas, que limpam bem a região, mas o uso frequente delas não é recomendado”, completa a especialista.
Mesmo livre de resíduos aparentes, o ânus vai continuar tendo secreções que podem causar algum tipo de infecção bacteriana. Segundo Marzano, quem aprecia esse tipo de carícia não está imune a algum tipo de DST, como herpes e HPV.
Para evitar mais riscos, o beijo-grego deve ser praticado sempre antes da penetração anal e nunca depois. Diferentemente da língua, o pênis e os vibradores estimulam a liberação de secreções inadequadas para contato no sexo oral.
Existem algumas camisinhas específicas para o sexo oral. Porém, elas são mais difíceis de serem encontradas e também comprometem inegavelmente parte do prazer na hora do beijo-grego. Também não dá para fingir que alguém com receio em relação à limpeza da região vá ficar confortável e relaxado para desfrutar da prática. A saída aí é o casal procurar outro tipo de fantasia.
"É importante lembrar que as camisinhas só protegem a língua, e não a boca como um todo, então o perigo continua existindo. Com os devidos cuidados, é uma região que pode receber o oral sem problemas, tornando-se uma alternativa a mais para o casal”, explica Marzano.
BEIJO GREGO NO HOMEM
A prática pode trazer prazer não apenas para as mulheres. Os homens também podem receber a carícia no ânus, especialmente se forem libertos de estigmas. Vale lembrar que sentir atração por uma pessoa do mesmo sexo e gostar de beijo-grego são coisas completamente diferentes – e sem nenhum tipo de relação entre si.
Obviamente, a abordagem do tema com o parceiro deve ser delicada e com cuidado. Não dá para acariciar ou mesmo beijar o ânus alheio sem antes dar sinais de interesse em consumar o ato. Num primeiro momento, a sugestão de beijo-grego pode assustar o homem. Vá com calma.
“Tem que existir a confiança no outro. É importante saber com quem você está se relacionando, para saber se permitir e sentir prazer na hora da carícia. Senão, vira algo forçado e arriscado, principalmente se você não sabe das condições de saúde daquela pessoa”, alerta Elaine, ressaltando a importância da cumplicidade entre o casal.
No sexo oral anal ou em qualquer outra prática na cama, o casal deve conversar sobre desejos, fantasias, receios e vontades sem qualquer tipo de julgamento. Para o bem do prazer e da saúde de ambos.
Fonte: Amor e Sexo
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