De cada quatro dessas denúncias, uma a vítima tinha de 12 a 17 anos. Entre os adolescente, 38% adicionaram desconhecidos nas redes sociais.
As crianças brasileiras estão navegando nas redes sociais cada vez mais
cedo. E acabam expostas a todo tipo de perigo. Vazamentos de fotos
íntimas mais do que dobraram na internet. E uma parte é de adolescentes.
Se os adultos já caem nesse tipo de golpe, imagine os adolescentes, as
crianças. Eles acabam se expondo muito a esses bandidos virtuais. Os
números de casos deixam um alerta para os pais: do mesmo jeito que a
gente não deve deixar a criançada e os adolescentes andarem sozinhos
pela rua, também não deve deixa que eles naveguem sozinhos na internet.
Experimenta fazer isso: junta uma meninada de 10 a 15 anos e libera o
acesso à internet. Umas vão se divertir com uns joguinhos, outras vão
assistir uns vídeos, mas a maioria vai para a rede social.
No caso do Heitor Augusto Gonçalves, com possibilidade de trocar uma
ideia com algum dos 1.627 ditos amigos. “Converso com muita gente que
não conheço. Eles perguntam se eu estou bem”, conta o adolescente.
Mas ele já topou com uma conversa mole dia desses. “Queria me
encontrar. Eu não conhecia a pessoa, falei: ‘Vai que tem alguma coisa de
estranho’. Fui lá e bloqueei a pessoa”, lembra.
Uma ONG que trabalha com educação virtual, entre outras coisas, oferece
acesso à internet para toda molecada, quase sempre sob a supervisão de
um monitor. Por isso, a possibilidade de acontecer algum problema com
eles dentro da ONG é reduzida. Pena que nem toda criança e adolescente
tem algum adulto por perto enquanto eles tão conectados. A gente nunca
sabe quem pode estar do outro lado da tela.
“A maioria dos pais desses adolescentes, dessas crianças, trabalham.
Então não tem acompanhamento. Então eles tão em casa, então isso é um
perigo que fica bem maior”, explica o coordenador da ONG, Luiz Carlos
dos Santos.
Se você acha que só está sujeito a esse tipo de situação o filho dos
outros, saiba que mais da metade da criançada de 9 ou 10 anos que usa a
internet tem um perfil em uma rede social. Entre os que tem de 11 a 17
anos, 38% já fizeram igual ao Heitor: adicionaram desconhecidos nas
redes sociais.
A Safernet Brasil, uma ONG que recebe denúncias de violação dos
direitos humanos na internet, acabou de divulgar o balanço do ano
passado. Das quase 190 mil queixas, a mais comum foi contra pornografia
infantil, embora essas denúncias tenham caído 9%. Agora, as reclamações
de vazamento de fotos íntimas mais que dobraram: de 101 para 222. De
cada quatro dessas denúncias, em uma a vítima tinha de 12 a 17 anos.
O diretor da ONG lembra que a habilidade que uma criança ou adolescente
tem para usar a internet não tem absolutamente nada a ver com a
maturidade dela para estar nesse mundão, junto de 1 bilhão de pessoas.
“Até para que as crianças aproveitem mais e melhor as oportunidades que
a internet oferece, ela precisa da mediação dos pais. Da mesma forma
como na rua, nas praças, para ir ao cinema, para ir em um clube, ela
precisa saber até onde ela pode ir”, completa Rodrigo Nejm.
Fonte: G1
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