Com 100% das urnas apuradas, ela teve 51,64% dos votos e Aécio, 48,36%. Governo do PT (2003-2018) terá o dobro do período tucano (1995-2002).
Dilma Rousseff (PT) venceu Aécio Neves (PSDB) na disputa em segundo
turno e foi reeleita neste domingo (26) para um novo mandato como
presidente da República (2015-2018). Segundo o sistema de apuração do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o resultado foi confirmado às
20h27min53, quando 98% das urnas estavam apuradas e não havia mais
possibilidade matemática de virada.
O TSE atualizou a apuração às 0h13, com 100% das seções apuradas (ainda
faltavam poucas centenas de votos). Dilma tem 54.501.118 votos (51,64%)
e o tucano, 51.041.155 votos (48,36%). As abstenções totalizaram
30.137.479 (21,1% do total).
Uma hora depois da confirmação do resultado, Dilma fez um discurso de agradecimento,
com 26 minutos de duração, em um hotel de Brasília. Saudou o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem chamou de "militante
número 1 das causas do Brasil", afirmou que está "disposta ao diálogo" e
conclamou os brasileiros a se unirem em favor do país. "Não acredito
que estas eleições tenham dividido o país ao meio", afirmou. "O calor da
disputa pode agora ser transformado em energia construtiva de um novo
momento no Brasil", declarou. A presidente disse que priorizará a
discussão com o Congresso e com a sociedade de uma reforma política a
ser aprovada por meio de plebiscito.
Aécio Neves fez um pronunciamento
em Belo Horizonte cerca de 40 minutos depois de confirmado o resultado.
Disse ter cumprimentado Dilma pela vitória e afirmou que agora a
prioridade é unir o Brasil. "Considero que a maior de todas as
prioridades é unir o Brasil em torno de um projeto honrado e que
dignifique todos os companheiros", afirmou, em uma fala de cerca de dois
minutos.
Com a vitória, Dilma completará um período de 16 anos do PT no comando
do governo federal, desde a primeira eleição de Luiz Inácio Lula da
Silva, em 2002. É o dobro do tempo do PSDB, que teve dois mandatos com
Fernando Henrique Cardoso (1995-1998 e 1999-2002). Desde antes da reeleição de Dilma, o PT trabalha com a hipótese de uma nova candidatura de Lula em 2018, conforme voltou a defender neste domingo o presidente do partido, Rui Falcão.
A presidente se reelegeu na disputa considerada a mais acirrada desde a
redemocratização. No início da campanha, a petista manteve-se na
dianteira nas pesquisas de intenção de voto, mas depois chegou a ter a
liderança ameaçada por Marina Silva (PSB), derrotada no primeiro turno, e
Aécio, que chegou a aparecer numericamente à frente dela no segundo
turno.
Foi também a sexta eleição marcada pela polarização entre PSDB e PT,
que desde 1994 sempre chegaram nas duas primeiras posições na corrida
presidencial. Assim como em 2010, a candidatura de Marina despontou
neste ano como terceira força, alcançando 21,3% dos votos no primeiro
turno.
Campanha
Tanto no primeiro quanto no segundo turno, a campanha eleitoral para a
Presidência neste ano foi marcada pelas críticas entre os candidatos. Se
na primeira fase da disputa, os ataques do PT se concentraram em Marina
– apontada como inconsistente – na segunda, a campanha petista mirou a
candidatura de Aécio, associando-a ao "retrocesso".
Marina passou a ser alvo tanto do PT quanto do PSDB com sua rápida ascensão nas pesquisas após a morte de Eduardo Campos, candidato do PSB até agosto, quando morreu em acidente aéreo que vitimou outras seis pessoas, entre assessores e tripulantes.
Até então, as pesquisas indicavam uma situação de estabilidade, com
Dilma à frente e Aécio em segundo. O tucano já havia enfrentado
denúncias de suposta concessão irregular para um tio de um aeroporto na cidade de Cláudio (MG), mas a candidatura dele começou a perder fôlego após a morte de Campos.
Uma das principais críticas do PT a Marina Silva foi a defesa da
independência do Banco Central, que propunha mandatos fixos para
diretores condicionado ao combate à inflação. Nas propagandas e
discursos, a campanha petista dizia que a medida favoreceria os banqueiros; na TV, foi mostrada uma família sem comida no prato. Marina respondia dizendo que a rival tentava "ressuscitar o medo” na campanha e fazia “terrorismo eleitoral”.
Pelo lado do PSDB, Marina era atacada por ter sido filiada ao PT,
inclusive nos períodos em que o partido enfrentava escândalos de
corrupção, como o mensalão. A candidatura de Marina também foi posta em
xeque após mudanças em seu programa de governo.
Quando o programa foi lançado, em 29 de agosto, havia defesa do
casamento gay e da energia nuclear. No dia seguinte, os tópicos foram
retirados, sob alegação de erro na edição do documento.
Marina foi perdendo pontos nas intenções de voto e acabou ultrapassada por Aécio na semana que antecedeu o primeiro turno. Nas urnas, Dilma obteve 41,6% dos votos válidos e Aécio 33,5%, resultado que levou a disputa para o segundo turno.
Nas três semanas de disputa direta entre a petista e o tucano, as
críticas se concentraram na corrupção e na economia. Aécio explorou o
escândalo na Petrobras, responsabilizando o governo pelos supostos desvios e propina pagos a políticos pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa. Dilma reagiu dizendo que a oposição tentava dar um golpe ao explorar o caso. Defendeu-se ainda afirmando que a PF teve autonomia para investigar, e os casos de corrupção não eram escondidos "debaixo do tapete".
No campo da economia, a petista insistiu que o retorno do PSDB ao poder seria uma "volta ao passado", segundo ela, com arrocho salarial, desemprego e queda na renda dos trabalhadores. O tucano, por sua vez, enfatizou a alta da inflação no governo Dilma aliado ao baixo crescimento da economia; como solução, pregou mais credibilidade e transparência nas contas públicas para atrair de volta o investimento produtivo ao país.
Nas duas últimas semanas da campanha, os ataques se intensificaram nas
propagandas, debates na TV e atos de campanha pelas ruas do país. Além
de criticar a política econômica do PSDB, Dilma passou a dizer que os
tucanos não governavam para os pobres, apontando uma menor abrangência dos programas sociais na época de FHC. O discurso foi reforçado por Lula,
que participou ativamente da campanha e chamou Aécio de "filhinho de
papai", o acusou de ser agressivo com mulheres e o condenou por recusar o
teste do bafômetro numa blitz em 2012.
Além da Petrobras, Aécio acusou o PT de promover uma divisão no país, entre ricos e pobres e Sudeste-Sul contra Norte-Nordeste. O tucano recebeu apoio de Marina Silva e outros candidatos derrotados na eleição e passou a se queixar da "campanha de desconstrução", segundo ele, feita pelo PT. Num dos debates mais tensos da TV,
Aécio ainda rebateu a acusação de ter empregado a irmã no governo de
Minas ao dizer que um irmão de Dilma também havia sido nomeado pela
Prefeitura de Belo Horizonte durante administração do PT.
Dilma acena para militantes em hotel de Brasília onde fez o discurso da vitória (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
Fonte: G1
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