Técnica desenvolvida no Brasil já tratou mais de 5 mil pacientes com o problema, que gera desconforto sexual
“Sempre tive uma vida sexual ativa. Foi de dois anos para cá que passei a
evitar as mulheres. Sinto vergonha do meu pênis e acho que o medo de eu
decepcionar a outra pessoa na cama faz com que eu acabe perdendo a
ereção”, diz o gerente de vendas M.T.S., 37 anos, que sofre de um
problema que afeta aproximadamente 10% dos homens em todo o mundo,
embora poucos reconheçam: o pênis curvo. De acordo com dados da revista
britânica de urologia British Journal of Urology, a curvatura peniana
atinge mais homens do que doenças como diabetes e cálculo renal.
O problema ocorre porque a membrana que envolve o corpo cavernoso,
conhecida como túnica, apresenta elasticidade menor do que deveria em
algum ponto, causando repuxamento. A causa pode ser congênita ou
decorrente de alguma cicatriz adquirida ao longo da vida, o que
caracteriza a doença de Peyronie - descrita pela primeira vez em 1743,
por François Gigot de La Peyronie (1678-1747), médico do rei Luiz XV, da
França. Neste caso, a curvatura é originada por uma lesão provocada
quando o órgão dobra no momento em que ele estava ereto ou semiereto. O
resultado é a curvatura do pênis durante a ereção, que pode chegar a 90
graus tanto para cima como para baixo ou para o lado.
Geometria
Anteriormente, a cirurgia de correção da curvatura peniana era feita de
forma a encurtar o lado mais longo, o que resultava na redução do
comprimento e até da grossura do pênis. Foi de conversas com engenheiros
e arquitetos que o médico urologista e andrologista Paulo Egydio, de
São Paulo, desenvolveu uma técnica de corte cirúrgico capaz de corrigir o
pênis sem interferir no seu tamanho.
“Usei o mesmo cálculo de geometria que se usa para tirar a curva de uma
estrada. Conversei com arquitetos e engenheiros que me ajudaram muito a
aplicar esses conceitos no pênis”, explica o especialista, premiado
internacionalmente pela descoberta. Desde 1998, quando desenvolveu a
técnica, Egydio realizou mais de 5 mil intervenções do gênero.
“Normalmente, o paciente toma anestesia local e recebe alta no mesmo
dia”.
O maior problema ainda é o preconceito. “Cerca de 80% a
90% dos pacientes apresentam um grande trauma psicológico por causa da
deformidade; sentem-se anulados como homens e se afastam da família.
Alguns chegam a ter ideias suicidas. E a esposa, às vezes, pensa que ele
tem outra. Por isso, é fundamental que se tenha um aporte psicológico”,
completa Egydio.
O estudante S.R., 30 anos, só perdeu a virgindade depois
que operou a curvatura congênita, aos 21. “Eu evitava que a relação
chegasse a determinado ponto. Por ser um tabu, as pessoas têm medo de se
abrir, mesmo que seja com alguém de confiança”, revela o rapaz, que
tomou conhecimento da possibilidade cirúrgica pela internet.
Mas algumas medidas podem ser tomadas para se evitar o pior. Excitar-se com calças
apertadas, masturbar-se freneticamente, forçar o pênis ereto para baixo
a fim de urinar e dormir de bruços, por exemplo, são hábitos que devem
ser evitados. Confira a seguir explicações do especialista para as
dúvidas mais frequentes e dicas para evitar que o seu ‘amigão’ entorte
também.
1 - O que é?
Foto: Clínica do Dr.Paulo Egydio/Reprodução
A curvatura peniana é uma deformidade causada pela falta
de elasticidade em um ou mais pontos da túnica (membrana que envolve o
corpo cavernoso).
2 - Por que o pênis curva?
É fundamental ter em mente que o pênis se curva apenas
na ereção, quando os tecidos estão esticados. Para que se tenha uma
ereção reta, é necessário que todos os tecidos que formam o pênis tenham
a mesma elasticidade. Quando um jovem apresenta pênis curvo, a
curvatura pode ser devido a uma menor elasticidade dos tecidos por sobre
a túnica ou menor elasticidade da própria túnica, causada por problemas
durante sua formação. Entretanto, há casos em que os dois problemas
estão associados.
3 - Quais os tipos de curvatura?
1) Curvatura congênita – Predispõe o pênis a escapar durante o ato sexual, o que pode provocar traumas, causando uma deformidade ainda maior.
2) Curvatura adquirida (Peyronie) –
Aparece ao longo da vida, e em qualquer idade. Trata-se de uma cicatriz
originada por alguma lesão provocada quando o órgão dobra no momento em
que ele estava ereto ou semiereto. Pode ocorrer em pênis com curvatura
congênita ou não. Em alguns casos, a curva chega a 90 graus, tanto para
cima como para baixo ou para o lado.
4 - O que causa?
Toda condição que facilita o pênis a se dobrar no
momento em que ele está ereto ou semiereto aumenta o risco de ocorrer a
doença de Peyronie. Veja alguns exemplos:
a) Usar calças ou cuecas apertadas quando o pênis está ereto ou semiereto;
b) Dormir de bruços (o homem pode ter de três a quatro ereções por noite, enquanto dorme);
c) Forçar
o pênis, quando está ereto ou semiereto, para baixo, a fim de urinar (é
comum isso ocorrer pela manhã, quando o homem acorda e quer ir ao banheiro);
d) Masturbar-se freneticamente, esfregando o pênis de uma forma que possa dobrá-lo;
e) Algumas
posições sexuais podem ocasionar lesões. Em geral, quando a parceira
mantém posição ativa na relação, o risco é maior, pois o pênis fica
predisposto ao trauma. Neste caso, a mulher deve tomar cuidado para que o
pênis não escape e o peso do seu corpo recaia sobre ele. Quando o homem
é o ativo, ele passa a controlar voluntariamente a amplitude de
movimento. Por isso, dificilmente o pênis se chocará contra o períneo ao
sair da vagina durante o ato sexual, propiciando o trauma.
5 - No que a curvatura do pênis pode interferir na vida sexual do homem e da mulher?
A mulher pode ter desconforto, dor e até dificuldade
para ter orgasmo devido à dor. No homem pode causar impotência porque o
pênis escapa da vagina a todo momento durante a relação, gerando perda
de ereção ou ejaculação precoce. Ele pode até perder a vontade de
transar por causa disso; privar-se para não ter frustrações. E a mulher
pode evitá-lo com medo de deixá-lo ainda mais frustrado. Quem não tem
relacionamento fixo, tende a se retrair socialmente.
6 - Os homens, em geral, têm vergonha de procurar tratamento? Acontece de a esposa tomar a iniciativa?
A esposa geralmente toma a iniciativa quando tem um
relacionamento fixo. Quando o relacionamento é esporádico, evita ir para
frente no relacionamento e tem vergonha de procurar um médico. A chance
de procurar é absurdamente baixa. Desses, apenas 30% procuram ajuda. E
muitos abrem conta de e-mail com nomes fictícios para falar com o
especialista pela primeira vez.
7 - Se não for feita a correção, isso pode
acarretar algum outro problema de saúde, ou a questão é mais sexual e
psicológica apenas?
Não, mas o estado psicológico fica muito alterado e o homem pode se sentir e ficar isolado.
8 - Alguns casos podem ser solucionados apenas com medicamentos?
Foto: Alexey Buhantsov/Getty Images
Sim, se forem identificados em um primeiro momento.
Quando se inicia um processo inflamatório, causando afinamento ou
diminuição no tamanho do pênis, o ideal é procurar atendimento médico o
quanto antes, porque há remédios que podem ajudar a corrigir isso sem
precisar de cirurgia. Desta forma, pode-se bloquear uma cicatriz
exagerada e, consequentemente, uma curvatura exagerada. Na maior parte
dos casos, no entanto, o homem só se encoraja a procurar um especialista
quando a cicatriz já está formada.
9 - Como é a cirurgia?
Foto: Clínica do Dr.Paulo Egydio/Reprodução
A técnica desenvolvida pelo médico brasileiro consiste
em se fazer um corte na membrana (túnica), cuja forma muda para cada
paciente, a fim de eliminar o repuxamento peniano. Como, nesses casos, a
membrana encontra-se menor do que deveria ser, quando o pênis é posto
reto, fica faltando uma parte dela, o que é corrigido com a colocação de
um enxerto que permite que a túnica cresça novamente, envolvendo-o.
Este enxerto é feito com uma membrana já pronta, que não provoca
rejeição, o que evita mais uma cirurgia para sua obtenção.
10 - Quais as vantagens da cirurgia?
a) O procedimento é simples e com desconforto mínimo;
b) Tem
uma rápida recuperação. O paciente interna-se pela manhã, é operado e
recebe alta no mesmo dia. É possível, ainda, ser operado no fim de
semana e voltar a trabalhar e/ou estudar na segunda-feira, podendo
assim, manter sigilo no trabalho e/ou escola;
c) Com
a técnica desenvolvida no Brasil, alongando-se o lado curto do pênis
até deixá-lo do tamanho do lado longo, consegue-se o máximo de
recuperação do tamanho peniano possível em um procedimento cirúrgico
reconstrutivo de curvatura peniana;
d) A
cicatriz é discreta e semelhante à correção de fimose. O médico utiliza
fio transparente e absorvível para o fechamento, com sutura semelhante à
da cirurgia plástica, não necessitando a retirada dos pontos;
e) Quando
o paciente apresenta disfunção erétil, esta deve ser tratada e, se
tiver boa resposta aos medicamentos, poderá então ser feita somente a
cirurgia da correção da curvatura peniana.
11 - Tratamento por ondas de choque é eficiente na correção da curvatura peniana?
Segundo a maior experiência científica mundial, ao
avaliar 17 importantes estudos internacionais sobre o tema publicados em
revistas médicas especializadas, este tratamento não tem se mostrado
eficiente.
12 - Como é a vida sexual após a cirurgia?
Após seis semanas da cirurgia, o paciente pode voltar a ter relações sexuais normalmente.
Fonte: Terra
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