Parnaíba , no Litoral do Piauí, celebra nesta quinta-feira (14) 170
anos. A cidade, com aproximadamente 149 mil habitantes, de acordo com
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), guarda
uma rica história pouco conhecida pelos piauienses.
Apesar do aniversário da cidade ser comemorado nesta quinta, Parnaíba
tem três datas magnas que representam momentos importantes do
desenvolvimento.
Capela de Nossa Senhora de Montserrat fica na Rua Duque de Caxias
(Foto: Patrícia Andrade/G1)
(Foto: Patrícia Andrade/G1)
A história da capital do delta começa no ano de 1711 com a
instituição da Vila Nossa Senhora de Montserrat da Parnahiba. Cinquenta
anos mais tarde no local seria criada a Vila de São João da Parnahiba,
que em 14 de agosto de 1844 seria elevada à categoria de cidade. A
pequena capela de Nossa Senhora de Montserrat fica na Rua Duque de
Caxias, no Centro Histórico que compreende 830 imóveis divididos em
cinco setores.
Faca parnahiba usada pelos cangaceiros (Foto: Reprodução / Arquivo Público)
De acordo com o historiador Diderot Mavignier, a capela foi
construída em 1711 pelo português João Paulo Diniz, que contou com a
ajuda do coronel Pedro Barbosa Leal e alguns moradores. “O local foi
erguido para abrigar a imagem de Nossa Senhora de Mont Serrat vinda de
Portugal, mas a imagem teve que ser levada para a matriz de Piracuruca
por conta de ataques dos índios tremembés”, relatou.
Casarão dos Azulejos data do final do século XVIII (Foto: Patrícia Andrade/G1)
Próximo à capela está o chamado Casarão dos Azulejos, que atualmente
abriga uma escola. Localizado na Avenida Presidente Vargas, o prédio
data do final do século XVIII. Na casa morou a primeira poetisa
piauiense Luíza Amélia Queiroz Brandão, que foi casada com Raimundo
Madeira Brandão.
“Há um relato interessante de que a poetisa
manifestou o interesse de ser enterrada na sombra de um gameleiro que
havia nos fundos do casarão, mas isso acabou não acontecendo. Ela foi
sepultada no Cemitério da Igualdade e próximo a sua sepultura nasceu um
frondoso gameleiro”, conta Mavignier.
Plantas da Vila de São João da Parnahiba
(Foto: Reprodução / Arquivo Público)
(Foto: Reprodução / Arquivo Público)
Segundo o historiador, a antiga Vila São João da Parnaíba foi a que
mais progrediu quando o Piauí foi elevado à capitania em 1758 sendo um
dos mais importantes centros econômicos do Brasil Colônia. “A Vila São
João da Parnaíba foi uma das poucas a obedecer a regulamentação dos
portugueses para instalação de um município com os dois largos: um civil
com o pelourinho e casa de câmara e cadeia, e o religioso com a
construção da igreja matriz. Oeiras, por exemplo não obedeceu essas
orientações, não havia os dois largos”, avalia o historiador.
Catedral Nossa Senhora Mãe da Divina Graça
(Foto: Patrícia Andrade/G1)
(Foto: Patrícia Andrade/G1)
A escolha do nome Parnaíba, segundo Diderot Mavignier, pode estar
intimamente ligado a uma faca de arrasto usada por cangaceiros e que se
chamava de faca parnahiba. O instrumento é citado pela literatura
brasileira do século XIX e começo de XX e vista em ilustração do Brasil
Colônia.
O conjunto tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) em Parnaíba está dividido em cinco setores: Porto das
Barcas, Praça da Graça, Praça Santo Antônio, Estação Ferroviária e
Avenida Getúlio Vargas. A catedral Nossa Senhora Mãe da Divina Graça é
um dos monumentos mais importantes da cidade onde o altar é decorado com
cerâmicas portuguesas e as imagens datam da década de 1930. É nesta
igreja que está o túmulo Simplício Dias da Silva e de outros nomes
nobres da história parnaibana.
Simplício Dias era filho do
português Domingos Dias da Silva e chegou em Parnaíba no século XVIII
atraído pela riqueza da região. As suas charqueadas ficaram famosas, e o
Porto das Barcas, atual centro cultural da cidade, foi um polo de
negócios. Por interferência dele , foi criada a Alfândega de Parnaíba,
evitando-se a evasão dos produtos importados de São Luís.
O
casarão que recebe seu nome passou recentemente por uma restauração e
hoje abriga algumas secretarias municipais, mas também é espaço para
exposições artísticas e culturais. Segundo o secretário de cultura,
Helder Sousa, já há uma licitação para a criação de um museu, arquivo
público municipal e ainda um café.
Ao comemorar 170 anos de emancipação política, a segunda maior cidade
do Piauí se destaca pelo seu potencial econômico e turístico e vive
atualmente uma situação confortável de desenvolvimento.
Fonte: G1
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