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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Crianças formam sindicato na Bolívia e mudam lei para permitir trabalho aos 10 anos


Na Bolívia existe a União das Crianças e Adolescentes Trabalhadores da Bolívia (Unatsbo, na sigla em espanhol), um sindicato que neste mês conseguiu que a Assembleia Nacional aprovasse uma reforma do Estatuto da Criança e do Adolescente do país para reduzir a idade mínima de trabalho para dez anos em casos excepcionais.

Nas cidades bolivianas, é comum ver crianças carregando bolsas nos supermercados, lustrando sapatos, vendendo mercadorias nas ruas, gritando os nomes das paradas dos ônibus e oferecendo-se para limpar os vidros dos carros nos semáforos. 

Mas há outro lado do trabalho infantil menos visível ─ e perigoso para as crianças. Centenas delas trabalham como mineiros, pedreiros ou agricultores, cortando cana-de-açúcar ou quebrando castanhas. 
Cientes dessa realidade, em 2000, as crianças trabalhadoras fundaram a Unatsbo para pedir que seus direitos fossem respeitados, embora só tenham ganhado maior relevância a nível nacional nos últimos meses. 

O ponto de inflexão na trajetória desses meninos e meninas ocorreu em dezembro do ano passado. Eles saíram em passeata no centro da cidade, mas as imagens de repressão policial contra os manifestantes, que costumam ocorrer com frequência na Bolívia, dessa vez tiveram maior impacto por envolver menores de idade. 

Pouco tempo depois, foram recebidos pelo presidente boliviano Evo Morales que já declarou ter trabalhado quando criança. Morales diz ter sido pastor de ovelhas, vendido sorvetes e ajudado seu pai em tarefas agrícolas. 

Desde então, as reuniões da Unatsbo acontecem a cada 15 dias e de forma virtual. Membros de nove departamentos (Estados) da Bolívia – menores de 18 anos – participam dos encontros online, durante os quais analisam a estratégia para negociar com legisladores a reforma do Estatuto da Criança e do Adolescente do país. 

Foram dezenas de encontros com deputados e senadores da Assembleia Nacional e com a comissão que tratava da lei. 


BBC



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