Na Bolívia existe a
União das Crianças e Adolescentes Trabalhadores da Bolívia (Unatsbo, na
sigla em espanhol), um sindicato que neste mês conseguiu que a
Assembleia Nacional aprovasse uma reforma do Estatuto da Criança e do
Adolescente do país para reduzir a idade mínima de trabalho para dez
anos em casos excepcionais.
Nas cidades bolivianas, é
comum ver crianças carregando bolsas nos supermercados, lustrando
sapatos, vendendo mercadorias nas ruas, gritando os nomes das paradas
dos ônibus e oferecendo-se para limpar os vidros dos carros nos
semáforos.
Mas há outro lado do
trabalho infantil menos visível ─ e perigoso para as crianças. Centenas
delas trabalham como mineiros, pedreiros ou agricultores, cortando
cana-de-açúcar ou quebrando castanhas.
Cientes dessa realidade,
em 2000, as crianças trabalhadoras fundaram a Unatsbo para pedir que
seus direitos fossem respeitados, embora só tenham ganhado maior
relevância a nível nacional nos últimos meses.
O ponto de inflexão na
trajetória desses meninos e meninas ocorreu em dezembro do ano passado.
Eles saíram em passeata no centro da cidade, mas as imagens de repressão
policial contra os manifestantes, que costumam ocorrer com frequência
na Bolívia, dessa vez tiveram maior impacto por envolver menores de
idade.
Pouco tempo depois,
foram recebidos pelo presidente boliviano Evo Morales que já declarou
ter trabalhado quando criança. Morales diz ter sido pastor de ovelhas,
vendido sorvetes e ajudado seu pai em tarefas agrícolas.
Desde então, as reuniões
da Unatsbo acontecem a cada 15 dias e de forma virtual. Membros de nove
departamentos (Estados) da Bolívia – menores de 18 anos – participam
dos encontros online, durante os quais analisam a estratégia para
negociar com legisladores a reforma do Estatuto da Criança e do
Adolescente do país.
Foram dezenas de encontros com deputados e senadores da Assembleia Nacional e com a comissão que tratava da lei.
BBC
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