Jovens de várias partes do
Brasil estão usando aparelho mesmo sem necessidade. Tem gente que chega a
comprar o material no camelô.
Eles colocam os aparelhos de qualquer jeito e em qualquer lugar. Nas redes sociais, postam como se põem os fiozinhos coloridos.
“Eu acho que o aparelho virou um símbolo de ostentação. Ajudou a ter mais garotas”, diz o vendedor Douglas Silva.
Os famosinhos, que é
como são chamados os que têm muitos seguidores na internet, mostram, com
orgulho, os dentes cheios de estilo.
“É uma influência para as pessoas, que veem”, conta a jovem Yasmin.
Até a Yasmin, que já passou pelo dentista, hoje se vira sozinha para manter o visual.
Repórter: O dentista não colocava do jeito que você queria?
Yasmin: Até pedi para
ele: ‘troca para mim, deixa personalizado, está na moda’. E ele falou:
‘não, não dá para trocar’. Daí comecei a comprar e trocar em casa mesmo.
Até homenagem eles fazem.
“É da cor do reggae”, diz um jovem.
“A gente troca lá em casa. Ficamos lá no quintal e trocamos do David, do Guilherme”, conta Igor Melo.
“Eu uso aparelho faz cinco anos já. Cinco anos de enfeite”, completa.
A criatividade não tem
limites. Até cerdas de vassoura viram arte. “Coloquei dois fiozinhos da
vassoura. Nós pegamos no mercado os fios das vassouras. Minha mãe uma
vez comprou uma vassoura azul, aí todo mundo pegou”, conta um jovem.
“Quando solta o bráquete
do dente, uso Super Bonder ou vou ao dentista. Mas Super Bonder é só na
hora do desespero sabe: você vai sair, descolou, aí você cola e depois
no outro dia vai no dentista”, completa o jovem.
Os camelôs estão de olho
nessa moda e aproveitam. No Centro de São Paulo e em várias cidades do
Brasil, os acessórios que caíram no gosto da garotada estão nas ruas.
Esta semana houve várias prisões e também apreensões do material, que
pode causar danos sérios aos dentes.
“Ao querer ficar na
moda, existe o risco de danos irreversíveis à saúde bucal, como perda
óssea, os dentes começam a ficar moles e pode até haver perda desses
dentes”, alerta Cláudio Miyake. presidente do conselho Regional de
Odontologia de SP.
No laboratório da
Sociedade Paulista de Ortodontia, usamos alguns modelos para simular o
estrago que pode acontecer quando se usa um fio colorido aparentemente
inocente.
Os modelos de cera foram
mergulhados na água quente. E esperamos cinco minutos, o que é
equivalente a umas três semanas, de movimentação dos dentes.
“É mais ou menos o intervalo entre uma consulta e outra no ortodontista”, explica a ortodontista Sandra Naccarato.
“Moveu muito e este só é o bráquete mal colado com fio ortodôntico”, analisa Sandra.
No modelo com o fio
colorido: “Isto na boca a gente já teria a perda do osso que cobre o
dente e a gengiva sobe por consequência. Esta retração já não volta
mais. Este dente já tem menos sustentação”, ela avalia.
Levamos o David ao consultório para que ele veja o que pode acontecer com ele se continuar usando as borrachinhas coloridas.
O doutor Sylvio Fiuza
examinou e explicou ao jovem: “Quando a gente usa aparelho ortodôntico, a
gente tem uma força ideal, um movimento ideal para fazer a correção, e
isso quem conhece é o dentista”.
“A doutora já falou.
Passa a semana, chega no final de semana, ele quer colocar igual a
camiseta e o tênis. Ele vai lá e troca, quando eu vejo, já fez”, diz a
mãe do menino.
Mas vai ser difícil convencer a galera. Até o rap do aparelho está fazendo sucesso.
Fantástico
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