Após extinção de limites, despesa com reembolso pulou de R$ 1,5 milhão para R$ 3,5 milhões
Ato da Mesa nº 89 eliminou o limite de gastos com reembolsoLuis Macedo / Câmara dos Deputados
As manifestações de
junho de 2013 tiveram impacto direto no Congresso Nacional, apressando a
votação de alguns projetos e derrubando outros, como o da PEC 37. Além
disso, a pressão popular levou o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), a anunciar uma economia de R$ 300 milhões até 2014. Contudo, nem tudo foi contenção de gastos no Congresso Nacional neste ano.
Uma decisão assinada
pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), contribuiu
para dobrar as despesas com auxílio saúde por lá em 2013.
Em março de 2013, o Ato
da Mesa da Câmara número 89 eliminou o limite de gastos com reembolso
por despesas médicas. Não por acaso, os gastos com essas despesas
passaram de R$ 1.476.539,39, em 2012, para R$ 3.483.876,89, em 2013 —
2,36 vezes mais.
Além disso, a adoção de
um sistema de prontuários eletrônicos na Câmara motivou um aumento na
quantidade de potenciais beneficiários de assistência médica entre os
servidores da Casa, os secretários parlamentares e seus dependentes
legais. O número passou de 19.644, em 2012, para 39.982 (103,53% a mais)
em 2013 — o impacto orçamentário desta mudança não foi calculado.
Segundo a assessoria da
Câmara, o ato 89, que extinguiu o limite de gastos, “foi publicado em
função da inviabilidade operacional da norma anterior, que,
diferentemente da regra transitória em vigor, estabelecia limites para o
ressarcimento, mas sem determinação de valores padronizados para cada
tipo de procedimento”.
Transparência
Questionada pelo R7, a
assessoria de imprensa da Câmara informou que não poderia detalhar
quanto cada deputado solicitou de reembolso, por questões de sigilo. Há,
contudo, uma proposta no Congresso para que esses gastos passem a ser
discriminados no Portal da Transparência da Câmara.
Após a publicação do ato
89, que não contava com uma estimativa sobre o possível aumento de
gastos, a Câmara criou um grupo de estudos para fixar regras definitivas
sobre as novas limitações para o pagamento do reembolso aos
parlamentares. Na minuta apresentada pelo grupo, está proposta a
fixação de um teto de reembolso global, correspondente a 5% da dotação
orçamentária prevista para a assistência médica e odontológica dos
servidores.
A proposta também prevê a
publicação dos valores reembolsados no Portal da Transparência da
Câmara, com o nome do parlamentar e a respectiva despesa, e a fixação do
prazo de 120 dias, após o término do exercício financeiro, para a
solicitação de reembolso.
Após analisar a minuta, a
2ª Vice-Presidência da Câmara, que é responsável por fazer os
reembolsos, solicitou aos órgãos técnicos da Casa um estudo sobre a
possibilidade de adoção de um plano de saúde para os deputados. O
objetivo é definir qual modelo — sistema de ressarcimento ou plano de
saúde — é mais vantajoso para a Câmara, dos pontos de vista da economia e
da transparência.
R7
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