“Pensei que eu não tinha capacidade de ler um livro. Mas eu consegui e
agora quero manter o hábito”. É assim que o detento Leonardo Macêdo
avalia a importância do projeto Leitura Livre, da
Secretaria Estadual de Justiça. Na quarta-feira, 20 internos da
Penitenciária Regional Irmão Guido, localizada na BR-316, em Teresina,
receberam das mãos do secretário da pasta, Daniel Oliveira, certificados
de conclusão de participação do programa.
Ao todo, 40 obras
literárias foram disponibilizadas aos detentos. Cada um deles teve o
prazo de 30 dias para fazer a leitura e depois produziu um texto com o
resumo do enredo do livro. Para cada leitura, os presos tiveram redução
de quatro dias da pena. Detido há 4 anos na Irmão Guido pelo crime de
latrocínio, o detento Leonardo conta que leu o clássico “Os que bebem
como cães”, do escritor piauiense Assis Brasil.
“Esse projeto é
muito bom porque faz com que a gente acredite no nosso potencial. Também
é uma oportunidade para a gente sair da ócio de não fazer nada o dia
todo e começar a pensar besteira”, disse Leonardo. Outro interno que
considera a participação no Leitura Livre como um “divisor de águas” é
Allison Fernandes. Com 25 anos, o preso admite que foi através do
programa da Sejus que ele leu o primeiro livro da sua vida.
O
secretário estadual de Justiça, Daniel Oliveira, explica que a intenção
da atual gestão é investir cada vez mais em educação, trabalho e
evangelização. A implementação de políticas de ressocialização e
humanização dos presos tem sido a principal diretriz da Sejus.
“Estou
muito entusiasmado e emocionado com o resultado desse projeto. É muito
gratificante e ver o saldo disso e a felicidade deles é muito positivo
para nós. Nosso trabalho de humanização visa acreditar nos detentos sem
olhar para o passado deles”, conta o secretário Daniel Oliveira.
Outro
órgão parceiro da Sejus é a Defensoria Pública do Estado. A defensora
pública Viviane Setúbal considera que os projeto implementado pela
secretaria tem influência positiva não só na vida do presidiário, mas
também no sistema penitenciário como um todo. “A partir dessas
atividades, os detentos que participam dos projetos difundem o
conhecimento que aprenderam e levam para fora do presídio”, disse
Viviane.
O projeto Leitura Livre foi implantado através de
recursos provenientes da Secretaria Estadual de Educação. O
superintendente de Gestão da Seduc, Helder Jacobina, esteve na
solenidade de entrega dos certificados aos detentos e falou sobre o
“alto índice de aproveitamento dos internos”.
“A educação
transforma e só podemos nos educar desenvolvendo o hábito da leitura.
Esse projeto dá certo e os resultados são positivos”, avaliou Helder.
Até o final do ano, o Leitura Livre será expandido para todas as
unidades prisionais do Estado. No total, R$ 500 mil serão investidos
para a montagem das salas de leitura e das bibliotecas no sistema
prisional.
Doze projetos serão implantados no Piauí
Segundo
o diretor da Humanização da Sejus, Chico Antônio, ao todo, 12 projetos
de ressocialização estão sendo implantados nas unidades prisionais do
Estado. Panificação, corte e costura - embelezamento, teatro,
carpintaria, horta comunitária, qualificação de pedreiro, são alguns dos
cursos ofertados no sistema prisional.
Para o próximo mês, Chico
Antônio adianta que parceria com uma indústria irá viabilizar mais
oportunidades de trabalho aos internos. “Estamos no caminho certo. Os
próprios detentos pedem para participar dos cursos e assim eles saírem
da ociosidade. Vale destacar que esses projetos só são possíveis por
conta dos nossos parceiros, como a Secretaria Estadual de Educação e a
Secretaria Estadual de Trabalho e Empreendedorismo”, considera Chico
Antônio.
O diretor de Humanização ressalta que parceria com a
Seduc já oportunizou o ingresso de 700 detentos no Ensino de Jovens e
Adultos (EJA). De acordo com ele, em janeiro de 2015, somente 110 presos
tinham acesso à modalidade.
Fonte: Meio Norte
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