Delegada sustenta que médico teve participação direta na morte do garoto, mas diz ainda ter dúvidas sobre o crime.
A delegada responsável pela investigação da morte de
Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, assassinado em Três Passos (RS),
disse nesta terça-feira que o pai do menino participou de alguma forma
do crime. “Dia 4 o guri sumiu e o pai comentou (o desaparecimento) no
dia 6. Eu tenho convicção de algum tipo de participação dele, não sei
qual”, disse a delegada Caroline Machado, em entrevista coletiva.
A suspeita é que a madrasta do menino, Graciele Ugulini,
e uma amiga tenham assassinado o garoto por dinheiro. A delegada,
porém, não descarta a participação do pai de Bernardo, o médico Leandro
Boldrini. Ela afirmou que ainda não está satisfeita com o inquérito
montado sobre o caso e que vai prosseguir com as investigações. “Eu não
estou satisfeita ainda, pois não terminei o inquérito. Se eu não tivesse
dúvidas, teria terminado”, falou a delegada.
Ainda segundo a polícia, várias possibilidades foram
levantadas, incluindo a da participação de uma quarta pessoa. Ontem, os
policiais solicitaram a quebra de sigilo das contas bancárias dos três
presos pelo envolvimento na morte do menino: o pai, a madrasta Graciele
Ugulini, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz.
Até agora, o depoimento de Edelvânia é a principal
prova. Ela admite ter ajudado no crime movida pela promessa de auxílio
para pagar R$ 96 mil de dívida com um apartamento. O dinheiro seria
repassado por Graciele, que, segundo a assistente social, nutriria um
sentimento de ódio pelo enteado e teria receio de ser preterida na
divisão de bens do marido, caso Bernardo herdasse a clínica e os imóveis
do pai. A polícia desconfia que o médico sabia do plano, apesar de
Edelvânia declarar que Leandro desconhecia a intenção da mulher.
Um relato da madrinha de Bernardo, Clarissa
Oliveira, reforçaria a suspeita da polícia contra o médico. Em 14 de
abril, às 16h, dia em que o corpo foi encontrado, ela relata que
ficou impressionada com a “frieza” do pai do menino durante uma
conversa. A madrinha começou a acreditar que Leandro tem envolvimento
com o caso quando ouviu: "Tá, se acharem ele morto, daí a gente vê o que
faz".
Clarissa
observou que o médico falava do menino no passado enquanto ele estava
desaparecido. O marido de Clarissa, Ary Ribeiro, contou que, enquanto
ele e a mulher ficavam o dia inteiro nas redes sociais mobilizando as
pessoas a divulgarem a foto de Bernardo e buscarem informações, o pai do
menino estaria dormindo em casa. "Liguei duas vezes na segunda-feira
(dia 7) e ele estava dormindo. Não consegui me controlar. Eu disse:
'todo mundo está na rua atrás dele e tu estás dormindo em casa!",
relatou.
O caso
Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos,
desapareceu no dia 4 de abril, em Três Passos (RS), após dizer ao pai
que passaria o fim de semana na casa de um amigo. O corpo do garoto foi
encontrado no dia 14 de abril, em Frederico Westphalen (RS), dentro de
um saco plástico e enterrado às margens do Rio Mico. Na mesma noite, o
pai, o médico Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugolini, e a
assistente social Edelvânia Wirganovicz foram presos pela suspeita de
envolvimento no crime. Segundo a Polícia Civil, o menino foi dopado
antes de possivelmente ser morto com uma injeção letal.
Fonte: Terra
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