"Não vai ter Copa", disseram manifestantes em evento do Governo para explicar benefícios do Mundial a movimentos sociais
Em debate promovido em São Paulo nesta quinta-feira pelo
governo federal para diminuir a quantidade de manifestações populares
na Copa do Mundo, o secretário-geral da presidência Gilberto Carvalho
rebateu a afirmação de que o Mundial tem sido um “paraíso para ladrões”
no Brasil. Em meio a gritos contra o evento de junho, o secretário
amenizou as críticas em torno da Copa.
"Quero alertar aos que dizem que o Brasil era incapaz de
receber a Copa que há obras de infraestrutura espalhadas por todo o
País. As obras são para o povo brasileiro. Estamos muito determinados a
romper a desinformação ou a meia-informação que se formou na população
com a ideia de que a Copa foi um paraíso para os ladrões, um paraíso da
Fifa. Isso não é verdade”, afirmou Carvalho.
A declaração de Gilberto Carvalho ocorreu em evento na
Casa de Portugal, que contava com a presença de Nádia Campeão,
vice-prefeita de São Paulo, e também de Júlio Semeghini, secretário
estadual de planejamento. A intenção do secretário da presidência é ir
em todas as sedes do Mundial promover debates com movimentos sociais
para tentar explicar benefícios da Copa – em São Paulo, inúmeros
movimentos marcaram presença e protestaram contra o Mundial, com gritos e
faixas.
O representante do governo pedia a todo momento para que
os reclamações – contra os gastos, contra a violência policial, além de
gritos de “não vai ter Copa” – cessassem para que o debate ocorresse
com troca de ideias de ambos os lados. Gilberto Carvalho, contudo,
concordou que talvez seja tarde demais para explicar os benefícios do
Mundial de 2014.
“Temos uma autocrítica. Demoramos sim para fazer esse
diálogo. Sonegamos algumas informações e nem sempre a cobertura
jornalística consegue dar esse conjunto de informações. Esses dados
sobre o que se investiu na Copa, infraestrutura, saúde e educação, as
pessoas não têm. Lamentamos isso. Concordo que demoramos, mas antes
tarde do que nunca”, disse o secretário.
Presença de Forças Armadas para combater protestos violentos é estudada
Caso ocorram protestos violentos na Copa do Mundo, o
governo deve utilizar as Forças Armadas. Gilberto Carvalho afirmou que
espera manifestações pacíficas, mas lembrou que as “forças de apoio”
estão na reserva e preparadas para qualquer eventualidade.
“Esperamos que as forças estaduais deem conta, mas
devemos saber que as forças de apoio estão na reserva. Até porque na
nossa avaliação não teremos atos de violência na Copa. Entendemos que a
índole do povo brasileiro é uma índole de luta pacífica, democrática.
Eles (manifestantes) podem protestar porque é uma democracia. Os
estrangeiros que chegarem aqui vão ver que aqui é uma democracia
pulsante e isso não é nenhum problema, muito pelo contrário”, explicou o
secretário.
No evento em São Paulo, Gilberto Carvalho ainda pediu
para que seja separado o que é protesto contra a Copa e o que é
"oportunista" durante o Mundial.
"Precisamos tomar cuidado em separar o que é típico da
Copa e o que não é. As pessoas passaram a ir à rua e reinvindicaram os
direitos. Essa gente tem consciência dos seus direitos e a Copa
oportuniza esse aflorar de movimentos, mas nem tudo o que as pessoas
exigem tem a ver com a Copa. São fatos e eventos da democracia
brasileira. É bem provável que ocorram essas manfiestações. O turista
não deve estranhar, mas sim ver que essa é a nossa democracia. É um ato
louvável", comentou.
Lei contra protestos é refutada
Em meio a movimentos sociais, Gilberto Carvalho
confirmou que tem ouvido boatos no Congresso sobre a possibilidade da
criação de uma lei para que as autoridades possam agir com maior rigidez
contra as manifestações. No entanto, o secretário da presidência se
mostrou contra tal atitude.
"Estamos dialogando para que não haja nenhum tipo de
mudança na legislação que venha a endurecer contra as manifestações. A
presidente deixou claríssima essa preopcupação. Ela não acha que se deva
tomar qualquer mudança legal, legislativa, que implique no
endurecimento ou qualquer via autoritária. É a posição dela. E vamos
apelar sempre para que o clima gerado na Copa, de festa, acolhimento e
conforto, iniba esse tipo de manifestação que apele para a violência",
disse Carvalho.
Fonte: Terra
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